A História do Tempo

Após a queda de Adônis, sua energia se espalhou em sete fragmentos sobre a vasta Terranexa, numa época em que o mundo mal sabia como acompanhar seus próprios dias. Anões escavavam as profundezas das montanhas e elfos percorriam as florestas por incontáveis anos, mas ninguém se preocupava em registrar o tempo além das mudanças das estações e das marcas deixadas pelas guerras.

Com o surgimento das sete tribos dos Filhos de Adônis, nascidas das faíscas divinas, Eotá libertou os celestiais remanescentes. Estes desceram dos céus e compartilharam o conhecimento essencial para a sobrevivência: o cultivo da terra, a construção de cidades e a arte da navegação.

Naquela época, um elfo chamado Azarion preferia contemplar o céu em vez de fixar os olhos no chão. Enquanto reis guerreavam por territórios e anões debatiam sobre metais, ele se dedicava a contar estrelas, rastrear sombras e observar navios desaparecerem sempre no mesmo ponto no horizonte. Quanto mais estudava, mais compreendia que o mundo seguia um ritmo cíclico.

Então, o Criador o iluminou com sua sabedoria. Proporções começaram a se encaixar em sua mente, e Azarion percebeu que o dia poderia ser dividido em vinte e sete ciclos menores, cada um deles subdividido em sessenta partes — uma medida precisa o suficiente para que ninguém mais se perdesse no tempo.

Arion, ainda presente entre os mortais, aproximou-se para refinar suas observações: mostrou-lhe o movimento das estrelas, a trajetória do sol e a dança das constelações. Tempestus ensinou-lhe as variações das marés e as mudanças do vento que antecedem a chuva. Tera revelou a memória do solo e como a terra guarda as estações. Com cada celestial, Azarion compreendia um novo aspecto do ritmo do mundo.

Assim, ele começou a estruturar o ano como uma sequência organizada de grandes ciclos. Surgiram, então, os nove meses de Zaráthia — os Ciclos Maiores: Eoteth, Azaheth, Tereth, Igneth, Tempeth, Arieth, Lumineth, Umbreth e Noltheth. Cada um com trinta e quatro dias, tempo suficiente para marcar rituais, colheitas e campanhas militares. A maioria homenageia um celestial; o primeiro celebra o Criador e o último carrega o nome de Nolthag, a face da destruição.

Ao concluir seu trabalho, os celestiais se preparavam para partir. As sete tribos dos homens concordaram com sua sugestão: o falecimento de Adônis marcaria o início da contagem dos anos. O período anterior passou a ser chamado de era antiga, enquanto o posterior recebeu marcações numéricas, divisões mensais e padrões cíclicos.

Desde aquele momento, a cada virada no calendário e a cada renovação do ciclo no relógio de Zaráthia, persiste a herança silenciosa de Azarion – a mesma cronologia apresentada por Eotá, aprimorada por Arion e ratificada ao longo das eras.

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